19/12/2012

piiiiii I

Este piii aí em cima é o som de um apito de alerta aos queridos aspirantes e iniciantes em tradução.

Imaginemos umas frases quaisquer. Por exemplo:
Tínhamos marcado encontro às dez da manhã. Beto chegou às dez e meia: tinha se atrasado por causa de um cliente que precisou atender de última hora. Não reclamei: entendi, claro, pois afinal Beto vivia mesmo se atrasando. Éramos colegas de escola fazia uns cinco anos e todos os sábados íamos tomar um sorvete na esquina. Então apanhei a bolsa, pegamos o elevador e fomos até a sorveteria do Seu Nino.
Compare-se:
Nós tínhamos marcado encontro às dez da manhã. Beto chegou às dez e meia: ele tinha se atrasado por causa de um cliente que ele precisou atender de última hora. Eu não reclamei: eu entendi, claro, pois afinal Beto vivia mesmo se atrasando. Nós éramos colegas de escola fazia uns cinco anos e todos os sábados nós íamos tomar um sorvete na esquina. Então eu apanhei a bolsa, nós pegamos o elevador e fomos até a sorveteria do Seu Nino.
Isso sem dizer:
Nós marcáramos encontro às dez da manhã. Beto chegou às dez e meia: ele se atrasara por causa de um cliente que ele precisara atender de última hora. Eu não reclamei: eu entendi, claro, pois afinal Beto vivia mesmo se atrasando. Nós éramos colegas de escola fazia uns cinco anos e todos os sábados nós tomaríamos um sorvete na esquina. Então eu apanhei a bolsa, nós pegamos o elevador e fomos até a sorveteria do Seu Nino.

Amiguinhos: lembrem que os verbos em português são flexionados e basta ver a conjugação para saber quem é o sujeito dele. Em inglês, não: num verbo regular, entre as seis pessoas apenas a a terceira do singular é que muda (ganha um s ou, dependendo da terminação do verbo, um es). E isso no presente, porque no passado ou com os auxiliares should, would, could, must, might etc. fica tudo igual. E aí é por isso que o inglês tem de usar e abusar dos pronomes retos para indicar quem é o sujeito.

Então vocês não vão traduzir todos os I, you, he/she, we e they que aparecerem num texto, né? Se a rigor não é errado-errado, fica pelo menos bem feiinho, digamos assim, por causa de uma coisa chamada redundância, que só atrapalha a fluência e a leitura.