09/12/2012

em 1998

Paulo Henriques Britto, por exemplo, diz que consegue traduzir uma média de 100 páginas por mês, embolsando algo em torno de 1.300 reais (ele complementa a renda aceitando alguns outros trabalhos, como traduções de teses e artigos). Mais rápida, Aulyde desbasta um romance de 300 páginas no mesmo período, podendo faturar em meses gordos cerca de 4.000 reais. Essas baixas remunerações transformaram alguns profissionais talentosos em verdadeiros ativistas por melhores salários. É o caso de Nilson Moulin, tradutor de autores como Italo Calvino e Giorgio Manganelli, premiado pelo governo italiano. "Há muito editor por aí que, além de semi-analfabeto, é pão-duro", acusa. "Eles nos tratam como digitadores de luxo." Moulin teve de reduzir seu ritmo de trabalho por causa de uma tendinite e diz que vai fugir da tradução enquanto o preço das laudas não for corrigido e não houver o reconhecimento legal dos direitos autorais sobre a tradução. As mesmas reivindicações são feitas por Lia Wyler, ex-presidente do Sindicato Nacional dos Tradutores, autora do verbete sobre o Brasil na única enciclopédia de tradução existente no mundo e também de uma grande tese sobre a história da tradução no Brasil. "Há gente que se vê obrigada a traduzir três livros por mês", diz ela. "É um absurdo."
Síndrome de Taffarel, aqui