27/09/2013

a metafísica da tradução, I



eis "o que, no fundo, constitui o eminentemente humano: o ideológico, o cultural, a perspectiva, o desejo (consciente e, principalmente, inconsciente), o finito, o mortal e tudo aquilo que resiste a qualquer pretensão de controle, sistematização ou pré-determinação".
O fato de ser sempre e inevitavelmente uma leitura ou uma interpretação não constitui, entretanto, uma característica peculiar da atividade do tradutor; revela, sim, um traço essencial de toda e qualquer atividade linguística e até mesmo de qualquer atividade humana. Toda tradução revela sua origem numa interpretação exatamente porque o texto de que parte, o chamado "original", somente vive através de uma leitura que será - sempre e necessariamente - também produto da perspectiva e das circunstâncias em que ocorre.
rosemary arrojo, "as questões teóricas da tradução e a desconstrução do logocentrismo: algumas reflexões", in o signo desconstruído. campinas: pontes, 2003.

sinceridade? nem perca tempo com essas coisas. pois, se assim é, assim é e ponto. e se assim não é (como, a meu ver, demonstram cabalmente as intermináveis discussões nos últimos quase três milênios), provavelmente não vai ser você o metafísico de plantão que deslindará a essência ontológica da tradução. o texto está à sua frente e seu compromisso - sempre de ordem prática, digam os teóricos o que disserem - é com ele.